Livro “Hospital Oceânico – Uma Trincheira Contra a Covid-19”
A Prefeitura de Niterói lançou, na terça-feira (23), em parceria com a UFF e o Viva Rio, o livro “Hospital Oceânico – Uma Trincheira Contra a Covid-19”. A publicação conta a história do Hospital Municipal Oceânico (HMON) através de relatos dos seus profissionais, gestores municipais e por pacientes recuperados. Arrendado em março de 2020, a unidade foi o primeiro hospital público do Brasil exclusivo para o tratamento da doença. Em janeiro deste ano, alcançou a marca de 1.000 pacientes recuperados da Covid-19.
No início da pandemia do novo coronavírus, a Prefeitura de Niterói arrendou as instalações de um hospital privado, que estava fechado, por R$ 1,7 milhão pelo período de 12 meses. O local foi rebatizado de Hospital Municipal Oceânico e foram realizadas obras de adequação na unidade para receber os primeiros pacientes que começaram a chegar logo depois de sua inauguração em abril de 2020. A unidade segue em funcionamento.
O prefeito de Niterói, Axel Grael, frisou que o último ano foi marcado por muito trabalho e dedicação para salvar vidas. Para ele, além de narrar a história da unidade, o livro traz esperança para um futuro pós-Covid.
“Esse livro tem rostos dessas pessoas que trabalharam no último ano no hospital, o rosto dos pacientes que passaram por lá, muitos que se recuperaram e voltaram para suas famílias. Aqui tem também coração, porque as pessoas dedicaram muita emoção e trabalharam muito além do mero compromisso profissional. Aqui tem também cérebro, porque temos conhecimento e aprendizado daqueles profissionais que trouxeram a união com resultados muito mais potentes em torno desta instituição. Aqui tem braços para que a gente construísse essa reputação ao longo de um ano, as pessoas trabalharam muito. Aqui tem suor e lágrimas do trabalho, a lágrima da emoção de uma vida salva, ou da frustração de não ter conseguido salvar outras vidas, mas que não se perderam por falta de dedicação desses profissionais. Acima de tudo, aqui tem sorrisos de um dever cumprido. Sorrisos das pessoas que podem olhar para trás com orgulho do que fizeram até agora. E eu tenho certeza que esse orgulho vai fazer com que a vontade de que o hospital siga avançando, se consolide como um patrimônio da cidade de Niterói, seja cada vez mais forte”, disse.
"O HMON hoje é comparado com os melhores hospitais do Brasil, como mostra um dos indicadores de avaliação de qualidade de serviço utilizado por gestores de saúde em todo o país. O equipamento, que foi inaugurado em 23 dias, já salvou milhares de vidas niteroienses. Tenho muito orgulho de todo o trabalho que fizemos e estamos fazendo nessa pandemia. E agradeço a todos os servidores que tiveram empenhados para tornar realidade o funcionamento desse hospital", afirmou o secretário de saúde, Rodrigo Oliveira.
Para o ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, o Hospital Oceânico é um símbolo da batalha diante do maior desafio à saúde pública desta geração.
“Não tenho dúvida de que este século está marcado por esta pandemia. Em Niterói, estamos vencendo essa batalha porque optamos por preservar a vida, por valorizar a ciência. O Hospital Oceânico se insere em um conjunto de mais de 40 medidas tomadas pela Prefeitura de Niterói para combater a pandemia. Fomos a primeira cidade do Brasil a instituir um comitê científico para assessorar e orientar as ações do poder público municipal. O gabinete de crise constituído reunia representantes da saúde, da educação, da economia. Mostramos que não pode haver contradição entre salvar vidas e manter a economia viva. Estamos diante de um fenômeno que não é meramente sanitário. A agenda integrada de ações, com programas inovadores, como o Renda Básica e o Hospital Oceânico, nos permitiu que não sofrêssemos o que muitas outras cidades sofreram. Não foi fácil colocar esse hospital de pé, mas temos certeza que salvamos centenas de vidas. Fico orgulhoso de ver a dignidade, a humanidade com que os profissionais de saúde têm tratado a nossa população”, destacou.
O reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Antônio Claudio da Nóbrega, destacou que Niterói é um exemplo de que é possível fazer diferente na gestão pública e no atendimento de situações tão dramáticas, e que este livro celebra o trabalho que vem sendo realizado no Hospital Oceânico.
“Tenho muito orgulho em ter participado de tantas iniciativas em parceria com a Prefeitura de Niterói. E também um orgulho de estar fazendo parte deste livro com o selo da UFF. É uma pausa para essa celebração nesse momento com um lamento do registro de mais de três mil mortes de brasileiros. Quero parabenizar a todos os envolvidos. É uma obrigação da universidade pública estar envolvida com toda a sociedade, ajudando a trazer soluções, provocando temas importantes, mas também se antecipar aos problemas. A ciência não é um manual de certezas, o que se faz é gerar evidências e diminuir as incertezas. É uma experiência muito importante para os pesquisadores estar junto aos gestores discutindo essas questões. A ciência estará sempre à frente como sempre esteve na busca de soluções”, pontuou o reitor.
O antropólogo e fundador da Viva Rio, Rubem César Fernandes, ressaltou que este é mais um momento desafiador na trajetória da pandemia e também na rotina do Hospital Oceânico. Ele destacou que a unidade hospitalar expressa o resultado de um trabalho multifatorial.
“É impensável o que estamos vivendo agora com este pico da pandemia no País. Mas no meio disso tudo, temos Niterói, que se apresentou diferente desde o início da pandemia. A cidade foi pioneira com a sanitização das ruas, com as barreiras sanitárias. Foi um conjunto de medidas que permitiu que o Hospital Oceânico conseguisse manter sua taxa de ocupação, dando condições aos profissionais de saúde, os verdadeiros personagens anônimos dessa história, de trabalharem. É uma gestão com planejamento que possibilitou tudo isso e, claro, sempre com a participação da população que entendeu o seu papel neste contexto, seguindo os protocolos. Nossa equipe do Viva Rio aprendeu muito aqui com todos da cidade”, disse Rubem César.