Adeus ao ex-secretário de Saúde, Gilson Cantarino
Faleceu na noite da última quinta-feira, o ex-secretário municipal e de estado de Saúde, Gilson Cantarino O’Dwyer. Ele estava internado no Hospital Icaraí há pouco mais de um mês em decorrência das complicações de um AVC e de um aneurisma. Seu grande legado, além de ser um dos pensadores, articuladores e implementadores do Sistema Único de Saúde (SUS), foi a implantação do Programa Médico de Família (PMF), que devido ao grande êxito foi adaptado pelo Ministério da Saúde e rebatizado de Programa Saúde da Família (PSF). Atualmente é conhecido em boa parte das cidades brasileiras com um novo nome: Estratégia Saúde da Família. Como uma das diversas homenagens que receberá nos próximos dias pela importância de seu legado, o Hospital Municipal Oceânico levará o nome de Gilson Cantarino.
Gilson nasceu em Niterói, em 18 de maio de 1950, e formou-se em medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF), em 1975. Pós-graduou-se em Psiquiatria Geral e em Psiquiatria Infantil pelo Instituto de Psiquiatria, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Médico concursado do Ministério da Saúde e da Fundação Municipal de Saúde de Niterói, assumiu em 1984 a Secretaria Executiva do Projeto Niterói, pioneiro nas Ações Integradas de Saúde e responsável pela formulação de um novo modelo de assistência à saúde da população, e que se transformou mais tarde no Sistema Único de Saúde (SUS).
Reconduzido ao mesmo cargo em 1986, foi posteriormente convidado a assumir a Secretaria Municipal de Saúde de Niterói, em 1989, durante o Governo Jorge Roberto Silveira (PDT), onde permaneceu continuamente por 10 anos, sendo pioneiro na implantação no Brasil do PMF. Em 1999, assumiu o cargo de Secretário de Estado de Saúde do Rio de Janeiro onde permaneceu até 05 de abril de 2002, assumindo em seguida a função de Assessor Técnico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Cantarino presidiu também os Conselhos Estadual e Municipal de Secretários Municipais de Saúde, em ambos reeleitos, nos períodos de 1991 a 1995 e de 1995 a 31 de dezembro de 1998. Em 1994, retornou ao Conass onde foi nomeado conselheiro. Recebeu também diversas Comendas, destacando-se a do Mérito Médico da República Federativa do Brasil, a mais alta condecoração da Saúde no País. Foi também Acadêmico Honorário da Academia Fluminense de Medicina, tendo diversos de seus artigos e trabalhos publicados em literatura especializada.
Especialmente agora que a saúde pública brasileira enfrenta mais uma vez grave crise, em meio a uma pandemia global de Covid-19, e que o SUS vê colocada em risco sua própria existência, é a hora de relembrar e homenagear Gilson Cantarino, que em sua brilhante trajetória angariou respeito, estima e admiração de seus pares; e a gratidão dos setores populares por sua incansável batalha em favor da saúde pública brasileira.
Gilson deixa a esposa, Ângela, quatro filhos, Gabriel, Fernanda, Carla e Márcio e quatro netos. Com a presença de lideranças políticas, familiares e amigos, o sepultamento ocorreu no Cemitério do Maruí, no Barreto, na tarde desta sexta-feira.
Fonte: Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, acervo pessoal do Deputado Federal Chico D’Angelo e site www.saude.rj.gov.br
Depoimento do secretário de saúde, Rodrigo Oliveira - “É com muito pesar que recebi a notícia do falecimento de Gilson Cantarino, cuja trajetória se confunde com a história e consolidação do Sistema Único de Saúde em Niterói e no Brasil. O Dr. Gilson sempre será lembrado por sua grande dedicação e contribuição ao nosso querido SUS! Deixo aqui meus sentimentos para todos os familiares.”