Servidor em Foco: Entrevista com Jorge Pessano
A coluna Servidor em Foco desta semana entrevista o jornalista, Jorge Pessano, 62 anos, 35 dos quais trabalhando na Assessoria de Comunicação Social (Ascom) da FMS. Às portas da aposentadoria, ele conta um pouco de sua trajetória familiar e profissional.
Como foi sua formação até chegar ao jornalismo - e como construiu o gosto pela profissão?
Tinha um carinho especial pela área das Ciências Médicas, o que me levou a tentar três vestibulares unificados para Medicina, ainda pela antiga Cesgranrio. Na quarta tentativa mudei de opção e me inscrevi para Comunicação Social na PUC-Rio, em 1979, sem que meus pais soubessem. Eles ainda sonhavam em ter um cirurgião plástico na família. Durante a faculdade, estagiei no Departamento de Chamadas e Promoções da TV Globo e na redação do Globo-Bairros (editoria Tijuca). 15 dias antes da minha formatura, em junho de 1983, fui convidado para substituir um redator no mesmo setor que estagiei, agora como profissional em outra emissora, na recém-inaugurada TV Manchete. Finalmente consegui o meu primeiro emprego com carteira assinada. Fiquei lá por três anos e meio. Depois migrei para a TV Educativa, onde passei 13 anos, e por último, colaborei até agosto de 1999 na produção do programa Pulando a Cerca, apresentado pelo psiquiatra Daniel Chutorianscy, na Unitevê, o canal universitário de Niterói.
Como se deu entrada na SMS e quais seus feitos mais marcantes que destacaria no processo?
Durante os estágios no Grupo Globo, soube por colegas que a Prefeitura de Niterói estava contratando repórteres para sua Assessoria de Imprensa, localizada ao lado do gabinete do ex-prefeito, Waldenir de Bragança, ainda no antigo prédio da Rua da Conceição. Procurei o chefe do setor, o falecido jornalista Abel Rodrigues, e em poucos dias já estava cobrindo as diferentes secretarias municipais. Em 1987, com a inauguração do novo centro administrativo, eu e outros colegas passamos a trabalhar no novo endereço, à Rua Visconde de Sepetiba, 987, 6° andar. No ano de 1989, o ex-prefeito Jorge Roberto Silveira autorizou que algumas secretarias tivessem suas próprias assessorias de imprensa. Como eu já vinha cobrindo a Saúde desde a gestão do médico Heitor Braga, o então secretário de Saúde, Gilson Cantarino O’Dwyer, conversou com o ex-assessor de imprensa do prefeito, Mário Dias, e me convidou a formar a primeira equipe da Ascom, ao lado da radialista Rosinete Fátima. Com a criação da FMS, optei em 1992 por ingressar nos quadros da fundação, onde permaneço até hoje.
O que observou de conquistas e desafios para o SUS? Aproveite para falar da importância do Brasil ter um sistema de saúde fortalecido e ampliado.
Participei da equipe de organização da primeira conferência municipal de saúde e da cobertura de todas as outras. Acompanhei a implantação do Programa Médico de Família e seus avanços, que possibilitaram que a estratégia fosse estendida a todo Brasil pelo Ministério da Saúde, sendo rebatizado de Programa Saúde da Família (PSF).
Diante de outras estruturas da FMS, a equipe da Ascom sempre foi enxuta, mas na maioria das vezes manteve-se focada, aguerrida e empenhada na divulgação das ações e atividades realizadas pela Rede Pública de Saúde. Acompanhamos a implantação das vice-presidências, da criação das policlínicas regionais e da realização de grandes campanhas de Saúde Pública. Hoje, o maior desafio da Ascom é manter a população bem informada, diante da proliferação de tantas fake news e de discursos negacionistas, que visam principalmente desacreditar o SUS.
Sabemos que conheceu sua esposa Carmem no trabalho. Fale um pouco mais da sua vida amorosa e da sua família e filhos. Como eles te fortalecem e como isso reflete no seu trabalho?
Carmen é advogada de formação e foi colega da ex-procuradora, Terezinha Terra Lachinni, e do ex-chefe de gabinete, Hamilton Pitanga, quando eles estudaram juntos na Faculdade Cândido Mendes, no Centro do Rio, nos anos 1980. Quando a então Assessoria Jurídica da FMS foi criada, Hamilton a convidou para integrar a equipe. Trocamos o primeiro olhar no elevador da prefeitura e depois fomos nos reencontrar nos corredores do 8º andar. No início, a Ascom era apenas uma mesa em uma antessala do Gabinete. Quando Carmen e a assessora jurídica, Dra. Maria Emília, iam despachar com Dr. Gilson, eu aproveitava e pedia a ela que lesse um release que eu havia acabado de escrever. Apesar da pouca intimidade, acredito que a estratégia funcionou, pois no último dia 12 de dezembro, comemoramos 29 anos de casados. Temos um casal de filhos, Pedro, com 27 anos, geólogo, e Helena, com 21, estudante de publicidade.
Fale um pouco mais de seus outros trabalhos no jornalismo, como quando esteve na Rede Manchete. Após sua aposentadoria, quais são as ideias que tem para continuar produzindo textos?
Falei sobre a extinta TV Manchete no início dessa entrevista, mas gostaria mesmo é de relembrar dos colegas e dos amigos que fiz e que ficarão para a vida toda. Além de Rosinete, a primeira chefe da Ascom, convivi com outras mulheres brilhantes, que estiveram no comando da Assessoria, e que me ajudaram a escrever a minha história: as jornalistas Cristina Ruas, Letícia Hees, Vera Galvão, Ludmila de Lima, Thamyres Dias e Fernanda Cantarino.
Ao longo desses 35 anos de jornalismo público, trabalhei com dezenas de colegas das mais diversas áreas da prefeitura. E como não quero correr o risco de esquecer alguém, vou relembrar apenas dos ex-colegas da Ascom: Luiz Augusto Hors, Zélia Seabra (falecida em 2020 de Covid-19), Humberto Innecco, Mônica Crespo, as Rosanes Câmara e Alvarenga (já falecidas), Italo Saísse, Eunice Rodrigues, Maria Auxiliadora, William Cardia e das fotógrafas Fátima Leite e Ângela do Bem. Atualmente, às vésperas de pendurar as chuteiras, cabe um agradecimento especial à Simone Ferreira, Rudá Lemos, Gabriel Campos, Rodrigo Prado, Marcelo Salgueirinho, Ricardo Marchon, Marcelo Jesus e mais uma vez à Fernanda Cantarino, que soube manter a equipe motivada, unida e proativa durante um dos momentos mais dolorosos da história recente do SUS: a pandemia de Covid-19.
Fecho essa entrevista relembrando com carinho do saudoso jornalista Fernando Mendes de Oliveira, o nosso querido músico, contador de causos e percussionista Borel do Bongo, com quem tive a honra de trabalhar, e que nos deixou nem janeiro de 2021. Ele me ensinou a dar ao texto jornalístico, mesmo quando o assunto era duro, leveza, ritmo e cor. Com o tempo mais livre que o normal vou me dedicar a uma antiga paixão: o roteiro de cinema. Quem conta um conto aumenta um ponto; então, tenho muitos contos para aumentar. Obrigado a todos e todas, valeu!