Seminário fecha o Outubro Rosa no Caminho Niemeyer
Fechando o mês da campanha do Outubro Rosa em Niterói, a Secretaria Municipal de Saúde promoveu na última terça-feira (31), o seminário ‘Cuidando de quem cuida’, que reuniu profissionais, estudantes e usuários da rede de saúde do município no auditório do Caminho Niemeyer.
O evento teve início com a apresentação e abertura as falas da mesa de abertura, composta por: Analice Silva Martins, Coordenadora do Departamento de Supervisão Técnica Metodológica (Desum); Thamyris Elpídio, da Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres (Codim); Bruna Miquelam, Coordenadora da Área Técnica de Saúde das Mulheres; Dr. Glauco Pontes, Diretor do Hospital Oceânico Dr. Gilson Cantarino; Pedro Lima, Diretor da FeSaúde; Maria Célia Vasconcellos, Vice-presidente de Atenção Coletiva, Ambulatorial e da Família (VIPACAF).
Na fala de abertura, Analice ressaltou a importância e felicidade em ver a rede integrada, em prol de uma campanha tão importante quanto o Outubro Rosa. “Nós somos uma integração, não é possível falar de saúde se não falarmos da rede”, afirmou a coordenadora do Desum.
Uma dessas integrações foi realizada juntamente com a Codim, representada na mesa pela Thamyris Elpídio, que aproveitou a temática para apresentar aos presentes algumas das grandes ações ofertadas às mulheres do município, que se expandem para além de auxílios, e também buscam o desenvolvimento e o acolhimento. “Em Niterói existe uma coordenadoria que pensa na mulher, na complexidade que é ser mulher, você dá o primeiro passo e nós o segundo, te ajudamos a caminhar, e a construir uma sociedade mais igualitária, trabalhando para aliviar a demanda que é ser mulher na sociedade”, afirmou.
Encerrando a primeira mesa, de abertura, Maria Célia salientou a importância da interioridade, principalmente na área da saúde, que trabalha em conjunto com demais setores, em prol do bem estar da população. “A união Codim e saúde é histórica, e o processo histórico avança, prossegue. O nosso trabalho em relação a mulher é fundamental, pois tem uma raiz não só na mulher, mas na sociedade. E em Niterói, por exemplo, nós mulheres somos muito maioria, e melhor, crescendo na população idosa, que mostra que estamos nos cuidando, e envelhecendo. Essa mesa representa o sistema de saúde integrado, e o salto de qualidade. E mais uma vez o outubro rosa cria essa possibilidade, e precisamos lutar para continuar essa unidade, pelas mulheres e pela rede.”
A vice-presidente da VIPACAF, também aproveitou para lembrar como Niterói iniciou a mobilização pelo movimento das mulheres e pela redemocratização. “Queria lembrar que Niterói começou essa mobilização pelo movimento de mulheres e depois na redemocratização, e nós acompanhamos esse movimento nacional. O movimento de mulheres teve um grande papel nesse país, pois as mulheres foram para as ruas na luta pela anistia e pela defesa da sociedade. A mulher tem um papel fundamental na sociedade”, concluiu.
Após o momento de abertura, deu-se início a primeira Roda de conversa, sob o tema: “Construindo pontes de equidade e resiliência: Celebrando a diversidade e enfrentando a vulnerabilidade.” A mesa foi composta por: Dr. Rodrigo Souto, Cirurgião oncológico e mastologista, da Policlínica de Especialidades em Atenção à Saúde da Mulher Malu Sampaio; Arlete Inácio, antropóloga e doutoranda em psicologia na Universidade Federal Fluminense e Supervisora dos redutores de danos de Niterói; Fabiane Sorrentino De Amorim, enfermeira especializada em oncologia do Hospital Oceânico Gilson Cantarino; Renata Pimenta, enfermeira sanitarista no Módulo Médico de Família Ponta D'areia; Dra. Célia Bragança, pediatra e Diretora Policlínica de Especialidades em Atenção à Saúde da Mulher Malu Sampaio; Dra. Maria Lúcia Freze, enfermeira da Policlínica Regional de Itaipu.
Dando início a roda de conversa, Dr. Rodrigo destacou alguns dos avanços adquiridos a partir do programa da mulher, e salientou como será importante criar novos desafios, para alcançar mais resultados. “A partir do programa da mulher, conseguimos zerar a fila de cirurgia para câncer de mama. Mas isso não significa que não há câncer, e vem aí o nosso desafio, e aqui começa a importância da gente, trazer essa mulher para a rede, para fazer os exames, fazer a mamografia. É necessário uma ampliação na busca ativa e na proporção sobre o câncer de colo uterino, que também é contemplado por essa campanha, por esse mês. A gente tem que se cuidar, focando na atenção primária, pois a gente consegue curar em 95% dos casos de câncer, aqueles que são diagnosticados precocemente.”
Outra fala destacada foi a de Arlete Inácio, que trouxe para o debate diversos questionamentos sobre os processos de acesso e manutenção de pessoas em situação de vulnerabilidade, ao sistema municipal de saúde. Segundo a antropóloga, é necessário questionar quais são as barreiras impostas no sistema, e como podemos desburocratizar o cuidado e o atendimento a essas pessoas, afinal pensar e se questionar sobre isso, também é acessibilidade.
“Precisamos sair das nossas instituições e nos aproximar desse público. Trabalho com pessoas vulneráveis e em vulnerabilidade, e pensar em barreira de acesso a essas pessoas, primeiro temos que pensar que temos uma lei dizendo que o serviço de saúde é universal e tem equidade, integralidade, mas para esse público, isso não existe, pois é muito difícil acessar o serviço e chegar até os lugares. Para ter acesso ao serviço temos que pensar em: disponibilidade, proximidade, qualidade dos serviços. Então precisamos pensar como o serviço pode se adequar para receber esse público”, concluiu.
Encerrando as falas dessa primeira mesa, duas dicas profissionais de saúde que compuseram a mesa, trouxeram um olhar de dentro das unidades, através das experiências práticas diárias dos atendimento e acolhimentos das mulheres. A enfermeira Fabiane Sorrentino, por exemplo, expõe a importância do diagnóstico e dos avanços na eficiência do tratamento ofertados pelo SUS. “O câncer é crônico, mas tratável, e temos que entender que vamos dar o melhor tratamento para essa mulher. E conseguir dar qualidade para o tratamento dessa mulher dentro do SUS, é muito importante e gratificante. Precisamos trabalhar para tornar isso verdade, para construir resultados, pois o SUS é nosso patrimônio.” A Dra. Maria Lúcia Freze por sua vez, mostrou a importância dos profissionais de saúde olharem para além do diagnóstico de cada paciente. “Esse tema tem que ser falado em todas as práticas educativas, desde o planejamento reprodutivo até o grupo hiperdia, através de um processo de trabalho contínuo. Trabalhar esse tema em grupo é muito importante, pois quando falamos em grupo, estamos falando de uma maioria de mulheres que frequentam esses grupos. Por isso é necessário acolher, ouvir essa mulher e gerar informação e cuidado à elas”, finalizou.
Após uma pausa para o almoço, foi a vez da segunda Roda de Conversa do dia, de 13h20 às 14h10, com o tema “Vivências e experiências diante do câncer de mama”, Um momento que emocionante, já que homenageou duas mulheres engajadas na luta contra o câncer de mama, Jonia Ribeiro e Solange Pacheco, essa última inclusive sorteou o seu livro com a experiência que teve durante o tratamento da doença.
O evento também teve espaço para oficinas de beleza e práticas integrativas, essa última disponibilizada pela equipe de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), demonstrando o cuidado abrangente com o bem-estar das pessoas afetadas pelo câncer.