Encontro trata de prevenção e cuidado da Saúde do Homem
Na tarde da terça-feira (28/11), o auditório da Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa (EEAAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF) foi palco de um importante evento voltado para a saúde masculina, o “Encontro Novembro Azul: Prevenção e Cuidado”.
Neste evento voltado para profissionais da rede municipal de saúde e estudantes, teve como destaque a importância do acolhimento e assistência à saúde do homem, especialmente durante o mês dedicado à prevenção de doenças masculinas.
“O objetivo é movimentar a rede, no sentido que no nosso dia a dia a gente pode deixar informações e até mudanças importantes de comportamento como o que foi apresentado hoje. Então o evento serve como uma troca de ideias e de experiências entre os profissionais. Isso para a gente é super importante, como por exemplo a ideia de mudar a decoração de uma unidade de saúde para que o homem possa se sentir pertencente a aquele local”, explicou Analice Silva Martins, coordenadora do Departamento de Supervisão Técnica Metodológica (DESUM).
Além dela, a mesa de abertura também contou com a presença de Agatha Barros, coordenadora da Área Técnica de Saúde do Homem do município de Niterói; Simone Rimbold, vice-diretora da EEAAC e Giovani Dimas, coordenador estadual de Saúde do Homem e que abriu as palestras da tarde.
Ele afirmou que o homem não tem o costume de procurar o serviço de saúde. "Ele se mantém em uma posição de invisibilidade ao serviço de atendimento em saúde preventiva. Alguém poderia dizer que a unidade de saúde não tem uma carteira de serviços própria, um horário específico e nem um médico disponível para atender a população de homens. Os indicadores do estado dizem isso muito claramente e mostram por que não há essa demanda espontânea de atendimento que se torna reprimida. Isso acontece porque nós homens não criamos indicadores para as unidades de saúde para que sejam ofertados os serviços para atendimento da população masculina", explicou Giovani reforçando que cabe aos coordenadores fazer com que as unidades tenham um horário de atendimento específico para o homem, para que ele chegue a unidade e seja atendido.
O coordenador da Saúde do Homem ainda revelou, através de números da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2020, que apesar do aumento da expectativa de vida entre 2000 e 2018, os homens ainda vivem 7,1 anos a menos que as mulheres e se forem comparadas todas as faixas etárias até 80 anos, eles morrem mais do que elas.
“O risco de homens morrerem por doenças crônicas não-transmissíveis, principalmente cardiovasculares e respiratórias crônicas, é de 40% a 50% maior em relação às mulheres”, revelou Giovani, afirmando que um estilo de vida mais saudável também ajudaria a acabar com esse desequilíbrio.
Por fim ele reafirmou a questão da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), que busca ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde, considerando a integralidade com enfoque nas masculinidades e também a importância da transversalização das ações com os demais ciclos da vida do homem.
Em seguida foi a vez do doutor José Alves Patrício, médico nefrologista da Área Técnica de Saúde do Homem do município que falou sobre as doenças prevalentes na população masculina.
“Não é só o câncer de próstata, outras doenças urológicas afetam o sistema reprodutivo e urinário masculino”, afirmou ele citando agravos como hiperplasia benigna, bexiga hiperativa, prostatite, estenose de uretra e uretrite.
“O câncer de próstata é mais uma marca do que um problema. Nós precisamos mudar e quem vai fazer isso são as pessoas que estão aqui para adquirir esse tipo de informação e que vão parar para pensar. Temos que passar para os nossos filhos, nossos vizinhos e quem mais pudermos. É só um grão na ampulheta, cabe a nós a mudança de cultura”, finalizou.
O doutor José deu a vez para o doutor César Takamori Miyabe Oaka que atua no módulo do Programa Médico de Família da Ilha da Conceição que debateu sobre os mitos e verdades sobre o câncer de próstata.
Ele reforçou que os cuidados devem ser feitos sempre, não apenas no mês que tem a campanha.
“A gente precisa estender toda essa rotina de nós que somos donos de próstata. Homens, meninos, desde a base, ainda pequenos até o fim dos nossos dias. A gente precisa olhar para si, com carinho e com cuidado. Nós temos que pensar, preciso viver bem e mais. Porque estamos vivendo menos do que as meninas e isso, em parte, se deve aos nossos estilos de vida”, avaliou.
Na reta final do encontro, o diretor geral de Atenção Primária da Vice-Presidência de Atenção Coletiva, Ambulatorial e da Família (VIPACAF) apresentou formas de melhorar os cuidados de saúde do homem de forma transversal e intersetorial.
“Abaixar os muros e pensar de uma maneira mais coletiva, pois no final das contas a gente termina sozinho na saúde ali como uma ponta de lança, enfrentando esses desafios diários que são os maiores que a gente tem”.
Vinicius comparou os cuidados entre o homem e a mulher, principalmente quando eles se tornam menos dependentes dos pais.
“A adolescência do homem é um campo quase desconhecido, quase que um terreno baldio na compreensão de alguns profissionais, a gente já nota aí um certo distanciamento. Porque as meninas começam ali a questão do atendimento ginecológico, começa ali a menstruação e outros cuidados. A gente só vai ver esse cuidado desse homem depois só se ele precisar para alguma atividade do serviço militar quando ele já for praticamente um homem adulto”, comparou ele que finalizou afirmando que se não for mudada essa cultura, ou ausência dela, de cuidados, ela vai seguir de geração em geração.
Ronald de Jesus, enfermeiro da Policlínica Regional do Barreto fechou a tarde falando sobre experiências exitosas no acesso e acolhimento à população masculina na rede de saúde. Ele elencou propostas para ações de promoção de saúde do homem na atenção primária à saúde. Entre elas a ampliação de horário de atendimento ou a disponibilização de horários flexíveis, grupos de discussão sobre masculinidades, cuidado e saúde e principalmente um atendimento mais humano e acolhedor.
Antes de encerrar, Agatha Barros fez uma reflexão sobre o que foi conversado durante o evento e cravou o que deverá ser feito.
“Temos que incluir no nosso cardápio de serviços oferecidos a essa população que não é só próstata, tem diversas doenças como nós pudemos ver. Fatores de risco importantíssimos que nós podemos reverter enquanto profissionais de saúde”.
Atividades da rede
Policlínica Regional Dr. Sérgio Arouca (Vital Brazil) - Palestra realizada no Instituto Vital Brazil (IVB) sobre a saúde do homem que destacou a importância da prevenção, de se fazer acompanhamento clínico e exames de rotina regularmente. Além de elucidar mitos e verdades sobre a vasectomia e o câncer de próstata.
Policlínica Regional Dr. João da Silva Vizella (Barreto) - Em parceria com a Guarda Municipal de Niterói e o módulo do Programa Médico de Família do Maruí, foram feitos testes para DSTs, glicemia capilar, verificação de pressão arterial e orientação sobre os malefícios do tabaco.
Policlínica Regional Dr. Carlos Antônio da Silva (São Lourenço) - Fechando a programação do Novembro Azul, palestra com o enfermeiro Francisco na sala de espera da urologia sobre a Saúde do Homem.
Policlínica Regional Dr. Guilherme March (Fonseca) - Dentro da programação do Novembro Azul, alunos da Universo sob a coordenação da enfermeira Fernanda Reis realizaram salas de conversa sobre a Saúde Integral do Homem.
Policlínica Regional Dom Luiz Orione (Piratininga) - Instruções sobre a Saúde do Homem dos profissionais da unidade com os usuários da unidade.