A rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Niterói se reuniu no VII Seminário de Formação e Ensino na Rede de Saúde Mental de Niterói na Universidade Federal Fluminense (UFF) na sexta-feira (1º). Oportunidade importante de reunir profissionais e estudantes para discutir casos, protocolos e dispositivos da atenção humanizada do Sistema Único de Saúde (SUS) municipal.

Na abertura, o colegiado gestor da RAPS apresentou o trabalho efetuado nos atendimentos da rede: o Hospital Psiquiátrico de Jurujuba (HPJ), dispositivos do CAPS, Residências Terapêuticas, Centro de Convivência e Cultura e ambulatórios distribuídos nas unidades de saúde. A mesa contou com a participação de Sérgio Bezz, Camila Donnola e Tatiana Rego - em coordenação de Karina Bermudez .

Após a abertura, o evento seguiu com a  Mesa de Integração Ensino e Serviço, em coordenação de Julia de Andrade Pinheiro, residente em Psiquiatria, e com as seguintes participantes: Danielle Cardoso (coordenadora de estágios), Alexandra da Silva Gomes (assessora da gerência de ensino e produção de conhecimento), Jussara Francisca (professora) e Laís de Mello (preceptora de enfermagem).

Em sequência, Eduardo de Carvalho Rocha, psicanalista e psiquiatra da rede realizou uma Conferência, com a interlocução de Renata Monteiro, psicanalista e professora. À tarde, foram realizadas rodas de conversa, em evento que contou com a presença de cerca de 200 participantes.

Nas rodas de conversa foram debatidos as possibilidades de atuação do Acompanhante Terapêutico; o trabalho desenvolvido por estagiários; e a relação da rede com o Programa Médico de Família.

Como métodos de cuidado estiveram em pauta: o uso de oficinas e atividades coletivas; a fala de "bom dia" como ferramenta terapêutica; o poder da escuta a da inventividade; a oficina de trilhas; o método da escuta terapêutica; as vivências na redução de danos; a Gestão Autônoma da Medicação; e a desinstitucionalização.

Tratando de casos terapêuticos, surgiram os debates sobre a autolesão na adolescência; o manejo da transferência na psicose; a questão da maternidade e de gênero; os ouvidores de vozes; os pacientes transgressores; e a Saúde Mental da população trans.

A nível teórico, foi debatido a relação da Saúde Mental com o capitalismo; as individualidades; e a Saúde Mental no contexto de violência.

Sérgio Bezz, diretor do HPJ elogiou a organização do evento: "todo ano acontece esse Seminário em parceria com a UFF que é muito importante para toda a rede de Saúde Mental acompanhar os trabalhos que se destacam no ano".

Como assinalado no material de apresentação do evento: “Pensar o trabalho na Saúde Mental é pensar na rede SUS. Hoje, contamos com uma rede de Atenção Psicossocial, que não se encerra em si mesma, pois um paciente em tratamento num CAPS, por exemplo, também é um cidadão que está na cidade. Com isso, ele circula nas escolas, em outros serviços de saúde, em espaços de lazer, tem vizinhos, parentes, ou seja, está no circuito da vida. Com isso, a rede que se faz necessária para o acompanhamento de cada sujeito se tecerá, a partir do que se inscrever como rede para cada um, através dos elementos que passam pela palavra, pelo sentido muito próprio a cada sujeito. Para isso, é de extrema importância que estejamos com os ouvidos abertos para construirmos essa rede juntamente com o paciente.”