Medicação combinada para HIV é incorporada no SUS
O Ministério da Saúde adotou uma nova medicação para o tratamento do HIV - trata-se de uma combinação em apenas um comprimido dos antirretrovirais já oferecidos pelo SUS: dolutegravir e lamivudina. Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em novembro de 2021, a droga é chamada comercialmente de Dovato e vai garantir mais facilidade e praticidade ao tratamento.
A Fiocruz, que faz o fornecimento da combinação, anunciou que ao longo de 2024 serão fornecidas 30 milhões de unidades deste medicamento. De acordo com a gerência estadual de IST/Aids, uma remessa do medicamento foi entregue no almoxarifado estadual no dia 9. Em Niterói, a previsão é que chegue na segunda quinzena, segundo a Coordenação Municipal de IST/Aids e Hepatites Virais. "A distribuição será feita dentro dos critérios estabelecidos na nota do Ministério da Saúde, pois o quantitativo liberado foi dimensionado conforme esses critérios", afirmou Fabia Lisboa, Assessora da Coordenação.
Tecnicamente, o Dovato pode ser prescrito para adultos e adolescentes acima de 12 anos com pelo menos 40 kg, sem resistência conhecida ou suspeita aos seus compostos. Mas neste primeiro momento, segundo o Ministério da Saúde, os pacientes aptos para a mudança de terapia deverão ter idade igual ou superior a 50 anos; carga viral menor que 50 cópias (uma carga viral quase indetectável); adesão regular ao tratamento convencional; e ter iniciado a terapia dupla até o dia 30/11/2023.
A combinação farmacêutica tem o potencial de melhorar a adesão dos pacientes ao tratamento já que a ingestão é de apenas uma dose diária, sendo tomado em jejum. As duas substâncias ativas na droga (dolutegravir e lamivudina) impedem a atividade de enzimas que o HIV usa para criar novas cópias de si mesmo no corpo.
O dolutegravir impede a atividade de uma enzima chamada “integrasse”, enquanto a lamivudina bloqueia a enzima “transcriptase reversa”, impedindo assim a multiplicação do vírus e reduzindo a quantidade de HIV no organismo.
Pesquisa - Em dois estudos, com a participação de 1441 pacientes, foi comprovado que a combinação das duas substâncias ativas integrantes do Dovato é tão eficaz na redução do vírus HIV no sangue quanto a terapia tripla com os medicamentos dolutegravir, tenofovir e emtricitabina. De acordo com os resultados, 91% dos pacientes com HIV-1 que utilizaram o Dovato deixaram de ter níveis detectáveis do vírus (abaixo de 50 cópias por ml) após 48 semanas, enquanto 93% dos que utilizaram o tratamento triplo também alcançaram esse resultado. Por fim, não foram identificados casos de resistência ao tratamento em nenhum dos estudos durante o período de 48 semanas de análise.