Uma das maiores preocupações dos profissionais da saúde surgidas com a pandemia do Coronavírus é o fenômeno da Covid longa - pessoas que superaram o vírus mas adquiriram outras enfermidades derivadas da contaminação. Por conta da necessidade desse cuidado, a Secretaria Municipal de Saúde de Niterói realizou um Seminário Temático de forma hídrida (online e presencial), em iniciativa da Subsecretaria de Gestão de Redes da SMS, com transmissão que pode ser conferida no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=Jo1btqGMFLQ&t=2318s

Representando essa Subsecretaria, Katia Rocha apresentou o Grupo Técnico Condutor, que desde 2022 tem o papel de implementar, monitorar e avaliar a Linha de Cuidado dos casos pós Covid e o fluxo de atendimento. O fluxo para maiores de 15 anos é de acolhimento em qualquer unidade - e quando não há a especialidade necessária, esse usuário é encaminhado para a Policlínica Sylvio Picanço, no Centro, que se tornou referência para os casos. Com as crianças, o atendimento especializado se faz no Hospital Getulio Vargas Filho, o Getulinho.

Em seguida, Vivian Vilela, médica diretora da Policlínica Regional do Largo da Batalha, explicou que quando a pessoa que tem Covid-19, a proteína spike é dividida em pedaços. Nessa divisão, a subunidade 1 persiste dentro dos monócitos, podendo causar uma gama de sintomas do pós-Covid: fadiga, queda de cabelo, vascularização cerebral e problemas renais e intestinais. Dentre esses pacientes, alguns são atingidos após uma Covid estrutural - geralmente nos pacientes internados, podendo levar para um AVC ou uma hemorragia. Outros 30% dos casos são de Covid imune inflamatória. E existe também a Pós Covid gatilho (inflamação que inicia uma doença que a pessoa já tinha uma predisposição, como diabetes e tireoide - acelerando o processo de adoecimento). Segundo Vivian, o diagnóstico é essencialmente clínico.

Já Vinicius Lima, diretor de Atenção Coletiva, Ambulatorial e da Família (VIPAHE), ressaltou a importância da compreensão dos profissionais de saúde em responder corretamente os documentos de notificação dos casos: "os instrumentos de notificação dão o cenário e o panorama da situação”.

Participação especial, Lívia Dumond, chefe do Serviço de Fisioterapia da Fiocruz - instituição que abriu um ambulatório para tratar desses casos -  fez um grande apanhado dos princípios da reabilitação, que deve ser multidisciplinar, integrada, individualizada, baseada em evidência, com acessibilidade e inclusão. Na fisioterapia, o destaque é a prática de exercício que atua na melhoria dos sistemas respiratório, cardiovascular, músculo-esquelética e neuro-funcional. Diante da quantidade de novos estudos sobre o tema, ela afirma que "é necessário implementar evidências na prática clínica - há muitos trabalhos, mas são poucos os que a gente realmente consegue trazer para o dia a dia".

Por fim, Pedro Corrêa, responsável técnico institucional médico da Fundação Estatal de Saúde (FeSaúde) começou se desculpando por estar um pouco rouco e brincou dizendo que não era Covid-19: “A gente tem uma amostragem, pesquisas do que vem funcionando em pandemia, que tem também a questão do isolamento, da hospitalização, todas as questões que geram preocupações pra gente. A partir deste momento, a gente dá um passo importante para entender que tipo de recurso a gente vai precisar disponibilizar para lidar com as complicações da Covid”, afirmou ele, complementando a importância da divulgação desses dados para que possa se aprender mais.

Durante a pandemia, Niterói forneceu diversos atendimentos importantes para mitigar esse fenômeno global, como a destinação de uma unidade de saúde exclusiva para os casos (Hospital Oceânico), planos de testagem e vacina conduzidos rapidamente e de forma organizada, higienização das ruas, distribuição de material de limpeza e cestas básicas, programas assistencialistas para quem estava afastado dos empregos, arrendamento de hotel para a população em situação de rua e exigência da comprovação da vacina para entrada em estabelecimentos.