Orgulho: Idosos LGBTQIAPN+ são tema de Seminário
Na véspera do Dia do Orgulho LGBTQIAPN+ que aconteceu na sexta-feira, 28 de junho, a Secretaria Municipal de Saúde de Niterói, através do Departamento de Supervisão Técnica Metodológica (Desum), da Área Técnica de Saúde da População LGBTQIAPN+ de Niterói e do Ambulatório Trans João W. Nery, realizou no começo da tarde da última terça-feira (25) o Seminário Municipal em comemoração ao Mês do Orgulho LGBTQIAPN+: “Uma História de Lutas e Resistência - Desafios do Envelhecer"
O evento aconteceu no auditório da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF) e debateu, entre outros temas relacionados, a questão do envelhecimento dessa população. A mesa de abertura foi composta por Vinicius Lima, diretor de Redes da Vice-Presidência de Atenção Coletiva Ambulatorial e da Família (VIPACAF); Felipe Carvalho, subsecretário de Direitos Difusos e Enfrentamento à Intolerância Religiosa (Codir); Analice Martins, coordenadora do Desum; Simone Rembold, vice-diretora da Escola de Enfermagem da UFF; Paulo Sérgio Rebelo, coordenador do Ambulatório Trans João W. Nery e Caroline Cabral, assistente social e coordenadora da Área Técnica de Saúde à População LGBTQIAPN+.
Vinicius foi o primeiro a falar e abordou a importância de discutir esse tema. “Enquanto o Brasil, como o país que mais mata população trans e que gera muita violência contra a população LGBTQIAPN+, a gente tem que estar dando visibilidade para essas discussões. Acho que esse é um compromisso que a nossa vice-presidência e a nossa secretaria têm com a população não só de Niterói. A experiência do nosso ambulatório trans é muito significativa e traz um impacto positivo e muito significativo para usuários de outros municípios também. E pensar que Niterói é uma cidade que possui uma população idosa muito grande é fundamental pensar toda essa perspectiva de inclusão, a gente dá a verdadeira visibilidade necessária para que sejam construídas políticas públicas qualificadas e que atendam de fato a necessidade”, explicou.
Em seguida, Felipe falou da importância do Ambulatório Trans João W. Nery, que segundo ele é referência em todo o Brasil no que diz respeito a políticas públicas de saúde para o público LGBTQIAPN+. Ele também trouxe um número preocupante. “Aproveitem bastante esse ambulatório, ele tem funcionários incríveis, esse tema é muito importante dentro da nossa pauta. São pessoas que curam e quem pega essas estatísticas sabe que, infelizmente, a vida média de uma mulher trans, que sofre violência especificamente pela sua identidade de gênero, não passa de 35 anos. Então todo ano quando a gente faz o relatório, a gente vê essa perspectiva e se ela for uma mulher trans negra a perspectiva é de 26 anos. A gente tem representações transsexuais que quebraram todas essas estatísticas e que acumularam uma memória incrível e que vão trocar com vocês, é uma oportunidade única, então bebam dessa fonte com bastante sede para que a gente possa aplicar na vida das pessoas que não tiveram a oportunidade de estar aqui hoje”, afirmou se referindo às palestrantes Denise Tainá, coordenadora do centro de Cidadania LGBTQIAPN+ e Fabianna Brazil, que trabalha na Secretaria Municipal da Mulher. Ambas formaram a mesa que veio a seguir.
Ainda na mesa de abertura, Analice ratificou a questão da escolha por abordar o envelhecimento do público LGBTQIAPN+. “Nós começamos a pensar que a inclusão significa tirar da invisibilidade aquelas pessoas que precisam ter voz. Nada melhor do que discutir o ciclo de vida. Eu começo com criança, tenho adolescente, tenho adultos e eu tenho aquela parte da sociedade que é deixada no cantinho da casa. Então a nossa equipe trouxe para a discussão exatamente isso. Vamos trabalhar dando luz e dando voz”, explicou.
Além das já citadas Denise e Fabianna, a segunda mesa também contou com a presença do advogado Matheus Reuter Sena, que desenvolve um importante trabalho de visibilidade na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Niterói; o assistente social Marcelo Prata, Gildete Ferreira e Beatriz Malheiros que atuam no Desum; e Norberto dos Santos Júnior, que atua na Coordenação de Vigilância em Saúde municipal (Covig). A conversa teve a mediação de Caroline Cabral.