Em sua 11ª edição, o Seminário Regional do SAMU 192 da Metropolitana II, realizado pela Fundação Municipal de Saúde (FMS), reuniu cerca de 150 profissionais e gestores da rede pré-hospitalar da região. O evento, realizado na Universo - Universidade Salgado de Oliveira, nesta quinta-feira, 03/12, dividiu-se em duas partes: na manhã, convidados especialistas palestraram no auditório sobre o atendimento móvel e a tarde foi realizado workshop prático sobre novos recursos tecnológicos utilizados neste serviço emergencial. O tema do encontro foi justamente "Avanços Tecnológicos em Atendimento Pré-Hospitalar".

Além de Niterói, a Região Metropolitana II reúne São Gonçalo, Itaboraí, Rio Bonito, Maricá, Tanguá e Silva Jardim. A coordenadora do SAMU desta região, Itamar Tavares, apresentou os dados dos atendimentos recebidos em 2014 e 2015: a maioria dos agravos é de clínico adulto de moderada à absoluta prioridade, seguido por problemas psiquiátricos. Complementando a apresentação, a diretora de enfermagem Geiza Viegas trouxe sua recente tese de mestrado que avaliou os dados desde 2009. Foram mais de 500 mil atendimentos, a destacar que o maior uso foi por orientação e aconselhamento, sem a necessidade do envio de viatura - o que demonstra a importância da atuação da equipe da Central de Regulação ao receber os telefonemas. Em sua apresentação, também fez um recorte do atendimento materno infantil, cujo parto precipitado é o maior motivo de procura pelo serviço móvel.

Eduardo Lenini, coordenador de Urgência e Emergência da Secretaria Estadual de Saúde, apresentou dados históricos do SAMU: seu surgimento junto ao do Sistema Único de Saúde (SUS) nos anos 90, adaptado do modelo francês de atenção ambulatorial. Ao fazer um apanhado do alcance dos veículos utilizados (130 unidades de suporte básico e 42 de suporte avançado) pelo SAMU no estado do Rio, Lenini afirmou que sua cobertura é alta, de 85,3%, mas que há defasagem territorial nas regiões Baixo Litorânea, Norte e Noroeste, que são menos populosas. Tratando dos desafios no trabalho, citou a obtenção de recursos em época de crise econômica, da criação do Plano de Ação Regional, da inserção de enfermeiros nas ambulâncias e a união da rede de urgência e emergência.

A equipe da Liga de Trauma, Reanimação e Emergência (LiTRE) de estudantes de Enfermagem e Medicina da UFF-Universidade Federal Fluminense também contou sua experiência de estágio no acompanhamento da Central de Regulação e no atendimento emergencial. Ana Laura Biral, enfermeira de São Gonçalo, apresentou sua experiência no SAMU do município, o segundo do Brasil a contar com maca bariátrica para obesos e realizador do Projeto SAMU Na Coletividade de informação em escolas. O último palestrante da vez, Claudemir Quirino, técnico de enfermagem, relatou uma vivência no trabalho em Maricá de um atendimento adverso e como conseguiu superá-lo, destacando a importância da capacitação e do profissionalismo. Durante o seminário, diversos profissionais da Metropolitana II foram homenageados.

No período da tarde, os participantes foram divididos em três equipes e, em seguida, convidados para um workshop com as atualizações e as inovações dos recursos no atendimento aos pacientes. Em uma das oficinas, os socorristas demonstraram na prática o uso de equipamentos importantes para o atendimento pré-hospitalar, como a Cinta Pélvica, recurso moderno utilizado para imobilizar e estabilizar pacientes com suspeita de lesão na bacia e o Colar Cervical de resgate, usado para articulações da região do pescoço, mantendo-as em posição anatômica e neutra. O último equipamento é imprescindível nos atendimentos pré-hospitalares.

No outro stand, enfermeiros demonstraram o passo a passo das técnicas usadas com os dispositivos nas vias aéreas, promovendo a ventilação adequada às vitimas. Dentre os equipamentos expostos, a equipe apresentou a máscara laríngea e o Capnógrafo, aparelho que monitora dióxido de carbono e gases anestésicos que são inalados pelo paciente. O público pode aprender ainda sobre os produtos altamente eficazes usados para a limpeza e higiene no interior das ambulâncias, visando proteger a equipe e os socorridos do risco de infecção durante o atendimento.

Itamar Tavares fez uma avaliação do evento: "Foi fundamental para os profissionais que trabalham no SAMU nesses sete municípios. A coordenação organizou um evento técnico, com objetivo de trazer inovações tecnológicas na área pré-hospitalar móvel em pacientes vítimas de acidente e atendimento em domicílio, que é o perfil do SAMU". Perguntada sobre a atenção e participação dos profissionais durante o evento, respondeu "São profissionais muito comprometidos. Tenho orgulho de fazer parte dessa equipe. Tem sido um grande aprendizado".

Além dos citados, estavam presentes a vice-presidente da FMS, Leila Rocha, representando a secretária Solange Oliveira, em Brasília pela 15ª Conferência Nacional de Saúde; Anderson Fagundes, coordenador de Rede de Urgência e Emergência do Ministério da Saúde; Olguimar Dias, coordenadora de Educação Permanente do SAMU; Olavo Cabral, diretor médico do SAMU; e Rafael Monteiro, coordenador do curso de Enfermagem da Universo.