Dentro da programação do Novembro Azul, a Fundação Municipal de Saúde convidou, na sexta (25), profissionais da rede para o II Seminário Niterói Unida pela Saúde do Homem, realizado no auditório do Núcleo de Educação Permanente (NEPP), no Centro da cidade. Nas palestras foram discutidos o pré-natal paterno; os agravos à saúde, como o câncer de próstata; a construção da masculinidade na sociedade; e o trabalho da saúde do homem em Niterói.

Por se preocuparem menos com a prevenção do que as mulheres, os homens procuram menos as unidades de Atenção Básica (Clínicas e Médicos de Família, Policlínicas e Unidades Básicas). Costumam frequentar mais os Hospitais de Urgência quando o caso é grave e quando aparecem na Atenção Básica estão idosos ou acompanham a mulher que está grávida. Neste caso, incentiva-se que os profissionais se sensibilizem com sua presença e o convidem para realizar exames nas unidades – o que é chamado de pré-natal do parceiro, permitindo também o acompanhamento do pai em todas as fases da gestação.

O acesso/acolhimento nas unidades e a proteção da paternidade são dois dos 5 eixos da Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem (PNAISH), instituída pelo Ministério da Saúde em 2008. A palestrante Marja Ferreira, mestra em Ciências do Cuidado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), apresentou estes e os demais eixos: saúde sexual (planejamento familiar e combate às DSTs); as doenças prevalentes (causas externas entre os mais jovens e doenças circulatórias e neoplasias entre os mais velhos – além do alto número de transtornos mentais); e a atenção à violência, acidentes e suicídio (combatidos com campanhas e cursos).

“Antes de tratar a saúde integral do homem, o Novembro Azul era focado no combate ao câncer de próstata – 2º maior em incidência, só atrás do câncer de pele não melanoma. Pelo tabu em relação ao toque retal, a abordagem acaba por afastar o homem das unidades de saúde”, afirmou Marja Ferreira. O toque retal e o exame PSA são indicados para quem teve histórico familiar da doença ou que apresente alguns dos seus sintomas (como dificuldade em urinar, diminuição da quantidade de urina, e vontade frequente de urinar a noite). O rastreamento é desaconselhável por trazer mais riscos do que benefícios.

Na 2ª palestra do dia, Claudia Regina Ribeiro, do Instituto de Saúde Coletiva da UFF, procurou descrever a formação social da masculinidade, que justifica a baixa frequência do homem nas unidades de saúde. A sociedade impõe desde a infância uma masculinidade hegemônica e dominante, orgulhosa de sua invulnerabilidade. “A ideia do cuidado de si e dos outros vai se tornando estranha aos meninos, afastados das brincadeiras de “casinha”, por medo de que não se tornem homens de verdade. Mas o que é ser homem de verdade?”, ela questiona, complementando que a participação do pai na formação do filho é essencial. Entre as vantagens, um pai presente desde o pré-natal divide o trabalho da família, reduz o tempo e a dor do parto e fornece mais informações sobre a gestação ao médico.

Para fechar o seminário, Mariana Frota, coordenadora do Programa de Saúde do Homem de Niterói, fez um histórico da formação do órgão, inaugurado em 2013. Em seu trabalho, é de se destacar que o procedimento de vasectomia está funcionando sem problemas e sem demanda reprimida. “O desafio para 2017 é ampliar o pré-natal masculino, a captação desse homem, a realização de consultas e ações educativas”, afirmou. Nessa linha, Odila Curi, chefe do Departamento de Supervisão Técnico-Metodológica (DESUM), organizador do evento, afirmou que em 2017, a saúde de Niterói vai realizar um trabalho integrado, em todas suas linhas de cuidado, para conseguir ampliar a presença dos homens em nossas unidades.

Promoção à Saúde: Novembro Azul chega ao Horto do Fonseca

No sábado (26/11), dia que o Horto do Fonseca recebeu a cantora Preta Gil nas comemorações do aniversário de Niterói, a Fundação Municipal de Saúde de Niterói realizou no local atividade de conscientização sobre a Saúde do Homem pelo Novembro Azul.

Na prerrogativa de tratar da saúde integral desta população, foram instalados estandes com informativos sobre Saúde Bucal, Tabagismo, Saúde Sexual e disponibilizado aferição de glicose e pressão, além de teste rápido de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). A atividade mais lúdica do evento foi uma brincadeira de “verdade ou falsidade” sobre os mitos do câncer de próstata, cujo combate é um dos focos deste mês comemorativo.

Outro grande problema que afeta o homem são as doenças crônicas como diabetes e a hipertensão. Para alertar sobre a importância da boa alimentação e do exercício físico como controle destas doenças, estiveram presentes Maria Angélica, endocrinologista da Policlínica do Fonseca e Rita de Cássia, organizadora do grupo HiperDia da unidade. Todas as terças, das 8h às 11h, hipertensos e diabéticos da região se reúnem para trocar informações entre eles e com profissionais e professores de saúde. “O cuidado não deve ser só clínico, mas também educacional, com uma equipe multidisciplinar para atuar como um complemento ao tratamento”, disse Rita de Cássia.

O espaço contou também com a participação do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que informou sobre o combate ao Aedes aegypti, a ser intensificado no verão. Durante essa época, a combinação de chuvas com alta temperatura acelera o ciclo do mosquito. Relacionando com o tema do evento, Marcelo Lins, do departamento de educação do CCZ disse que “o homem que for provedor da família tem sua capacidade de trabalhar afetada se contrair dengue ou tiver problema muscular por conta da Chikungunya. Por isso é necessário despertar na população o cuidado sobre o acúmulo de água parada”.

Organizado pela Policlínica do Fonseca Guilherme March em parceria com os módulos de Médico de Família da Zona Norte, Maria Conceição Stern, diretora da Policlínica, afirmou que “o evento é uma importante integração da rede para a captação desse homem que está fora das unidades de saúde, para ofertar saúde na Atenção Básica”. A diretora aproveitou para lembrar que ontem (25/11) foi o aniversário de 11 anos da Policlínica.

Ressaltando essa união, Soraya Cardoso, supervisora de enfermagem do programa Médico de Família, acredita que essa integração da rede fortalece a entrada ao SUS. “As ações intersetoriais como essa, realizada no sábado, aproveita o tempo livre do trabalhador para mobilizar a população masculina procurar mais as unidades de saúde”, concluiu.

O trabalho foi elogiado pela população que estava no Horto. Airton Pacheco, ajudante de pintor de 54 anos, gostou da oportunidade de aferir glicose, pressão e verificar se possuía alguma DST e refletiu sobre a baixa procura pela prevenção dos homens: “eu tenho amigos que tem medo de descobrir que tem algum problema. Eles acham que já estão bem e não realizam exames”, afirmou, contente pelos seus resultados terem sido bons.