Encerrada programação da Luta Antimanicomial
Data que alerta para o tratamento humanizado na Saúde Mental, na última quinta (18/05), foi o Dia Nacional de Luta Antimanicomial. Durante toda a semana, a Fundação Municipal de Saúde de Niterói (FMS) realizou diversos eventos visando à integração dos usuários com a sociedade.
Em dia que se encerra esta programação, o Hospital Psiquiátrico de Jurujuba (HPJ) celebrou a data com homenagens e música. A comemoração se estendeu para o Teatro Popular Oscar Niemeyer com a reunião de toda rede de Saúde Mental (que contempla o HPJ, os CAPS, as residências terapêuticas e os ambulatórios).
Em Jurujuba, na manhã, os pacientes tiveram o microfone livre para expressar o que quisessem. Tornou-se um momento de desabafo, com muitas falas emocionadas de angústias e questionamentos.
Outros aproveitaram para cantar e declamar poesias, além de elogiaram o atendimento da unidade. “Aqui é nosso refúgio, nossa fortaleza”, disse Douglas, há 4 anos em tratamento na unidade. Na última intervenção, a plateia que lotava o auditório com mais de 100 pessoas, foi ao delírio com a interpretação da música “Como uma deusa” por outra usuária.
A sessão foi comandada pelo psiquiatra Eduardo Rocha, que realiza encontro com os profissionais toda quinta, mas dessa vez a intenção era de ouvir apenas os usuários. “Algo que fica presente em todas as falas é a necessidade de encontrar alguém, de não ficar sozinho”, afirmou.
Na segunda fase do evento, o diretor do HPJ, Raldo Bonifácio, prestou uma homenagem a doze guardas municipais pelo apoio à unidade. Segundo o comandante Ávila da 3ª Regional “é gratificante receber esse reconhecimento, porque atuamos como uma guarda comunitária e solidária realizando vários tipos de serviço, como o social e ambiental”.
Após a sessão solene, o auditório se encheu de música. Pacientes e profissionais se juntaram para tocar instrumentos e cantar músicas como “Balada do Louco” e “Maluco Beleza”.
Baile Cultural agita Teatro Popular e inspira projetos
Nesse clima de música como instrumento de ressocialização, o Baile Cultural no Teatro Popular Oscar Niemeyer reuniu pacientes, familiares e profissionais de todo Programa Municipal de Saúde Mental. A festa começou às 15h desta quinta (18/05) e contou também com uma playlist escolhida a dedo pelo DJ Matheus Marins. Sucessos do síndico Tim Maia e do eterno romântico Wando, entre outros sucessos da MPB, botaram cerca de 100 pessoas para dançar.
À frente do Centro de Convivências e Cultura Oficinas Integradas, Franklin Torres, aproveitou para informar que a exposição “Convivencidade”, realizada pelos pacientes do Coletivo das Artes, estará aberta ao púbico na galeria da Universidade Salgado de Oliveira no Centro, até o dia 8 de junho.
O curtametragista e professor de roteiro do curso de Cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF), Tunico Amâncio, convidado pelos organizadores do baile, tem se especializado no estudo sobre a representação da identidade cultural brasileira no cinema, em artigos publicados em revistas nacionais e estrangeiras. Na ocasião, comentou que a história dos personagens de um baile, cujo pano de fundo é a luta antimanicomial, pode virar roteiro de documentário.
Prestigiando os eventos, o coordenador da Saúde Mental de Niterói, Carlos de Castro Luz, aproveitou para fazer um balanço de sua gestão nos 6 meses que assumiu. “Implantamos coordenações próprias de farmácia, para evitar o desabastecimento de medicação, e de nutrição, garantindo alimentação de qualidade aos usuários”, afirmou. Carlos lembra que já foram contratados mais 42 novos profissionais só este ano, por meio de processo seletivo realizado em 2015 e indica que reformas das instalações estão a caminho, em conversas adiantadas com a Secretaria de Obras, “uma das parceiras da Saúde como a Educação e o Programa Médico de Família”, reconhece o coordenador.