SAMU Niterói comemora 14 anos com números surpreendentes
O primeiro Serviço de Atendimento Móvel de Urgência Regional do Brasil, implantado em Niterói (Samu 192), comemora 14 anos na próxima terça-feira com números surpreendentes: um milhão e 500 mil atendimentos telefônicos realizados, com média de 150 mil por ano e 10 mil por mês. O número de trotes caiu de 30% para 20%, resultado de um trabalho de conscientização da população realizado especialmente nas escolas de ensino fundamental.
Além de Niterói, o Samu 192 reúne seis outros municípios da região Metropolitana II: São Gonçalo, Maricá, Itaboraí, Tanguá, Rio Bonito e Silva Jardim. Pelo êxito alcançado logo nos primeiros anos de operação, a Fundação Municipal de Saúde (FMS), gestora da Central de Regulação de Urgências e Emergências, sediada no Hospital Municipal Carlos Tortelly (HMCT), viu o programa pioneiro servir de base e modelo para todos os outros serviços regionais implantados pelo Ministério da Saúde, em todo o Brasil.
“Niterói sempre esteve na vanguarda das ações de saúde e foi aqui que surgiu o Sistema Único de Saúde, o SUS, há mais de 20 anos. Criamos o Programa Médico de Família, adaptação de uma exitosa iniciativa cubana, e agora podemos comemorar mais um ano do Samu, que hoje está instalado em grande parte do território nacional”, relembrou a secretária Maria Célia Vasconcellos.
O Samu Metro II conta atualmente com cerca de 130 condutores socorristas distribuídos em 23 ambulâncias e quatro motolâncias. Desse total, Niterói dispõe de duas viaturas de suporte avançado, quatro básicas e duas motolâncias. Segundo o diretor médico, nefrologista e emergencista Olavo Cabral, 78% do atendimento prestado pelo serviço é clínico e beneficia adultos em casa.
“As demandas são resolvidas pela central de regulação, por meio da telemedicina (toda orientação médica é feita remotamente, principalmente nos casos de urgências cardiológicas), ou no domicílio, evitando com isso deslocamentos desnecessários e a sobrecarga das emergências hospitalares”, acrescentou o diretor do HMCT, Ubiratan Ramos.
Capacitação
Segundo a chefe da Coordenação Regional de Educação Permanente do SAMU Metro II (Crep), Olguimar Dias, "Nossa intenção sempre foi a de investir na capacitação para minimizar a quantidade de acidentes, seja com nossos profissionais ou com a população. Em 14 anos de SAMU, o da Metro II foi pioneiro e sempre foi da nossa lógica discutir todos os protocolos que trabalhamos em reuniões participativas e democráticas".
Para Olavo Cabral, a Crep também forma instrutores para que deem continuidade aos treinamentos nas bases municipais do Samu, além de capacitar outros profissionais, como professores, por exemplo, em primeiros socorros, possibilitando que atendam casos de urgência.
Olavo Cabral destaca também alguns dos requisitos essenciais para ser um membro do Samu: equilíbrio emocional e capacidade de trabalhar em equipe, além de ter participado de cursos de capacitação específicos para cada categoria profissional. O condutor socorrista, explica o médico, atende a Resolução 168 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que estabelece as normas e procedimentos para a formação desses profissionais, como a realização de exames clínicos, a expedição de documentos de habilitação, bem como os cursos de formação, especializados e de reciclagem.
“Já os médicos e técnicos de enfermagem fazem cursos de suporte de vida, e os enfermeiros são capacitados em cuidados com pacientes críticos. E mais: toda equipe do Samu está apta a socorrer pacientes com parada cardíaca, seja em que local for”, informou Olavo Cabral.
Atendimento
O Samu, além dos atendimentos de urgência que realiza (clínicos ou de acidentes), também faz a transferência de pacientes entre hospitais ou para a realização de exames de risco, fazendo também a comprovação de óbito por morte natural em domicílios. Além disso, a grande incidência de chamadas refere-se às ocorrências de doenças em adultos ou emergências psiquiátricas.
De acordo com o Cabral, o Samu vem desenvolvendo um trabalho muito importante na Região Metropolitana II, atendendo de imediato os casos envolvendo a Saúde mental, no que se refere às tentativas de suicídio.
Desde a ligação do usuário para o número 192 até a chegada da ambulância no hospital, o atendimento dura cerca de 40 minutos. O telefonista preenche no computador uma ficha resumida, com dados do paciente e motivo que originou a ligação, fazendo uma pré-classificação de risco baseada em normas (identificando se o paciente é baixo, médio ou alto risco). Após esse contato, a ligação é transferida para o médico regulador, que orienta as medidas a serem tomadas ali mesmo ou determina o envio da ambulância ao local da ocorrência.