Seminário da ReduSaids comemora 15 anos
Com o tema "30 anos de luta contra a Aids. Uma bandeira de histórias e conquistas", a Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Niterói realizou, nesta quarta-feira, 5, o 15º Seminário da ReduSaids, a Rede de Educação e Saúde de Prevenção à Aids, e os 30 anos de criação pela Organização Mundial de Saúde (OMS) do 1º de Dezembro, o Dia Mundial de Luta contra a Aids. O evento foi realizado no auditório da Universidade Salgado de Oliveira (Universo), no Centro.
Professores, estudantes, público em geral e profissionais de saúde, que trabalham com as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), participaram do evento e debateram a doença com os convidados, em quatro mesas de apresentações.
Na primeira mesa, a doutora em Saúde Coletiva, Daniela Murta, trouxe os conceitos da produção de cuidado com as ISTs na rede pública de saúde.
A mesa seguinte tratou das políticas públicas sobre Aids no município e no Estado, em apresentação de Barbara Rolim, do Departamento de Controle, Avaliação e Auditoria (Decau) da FMS, e da coordenadora do Programa IST/Aids da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Denise Pires.
A terceira mesa tratou da política nacional contra a sífilis, com a representante do Ministério da Saúde, Angélica Duarte, e da FMS, Fábia Lisboa.
Por fim, a quarta mesa trouxe Sandra Filgueira (SES) e Tânia Brum (FMS) para tratar da prevenção combinada contra o HIV/Aids.
Militância
Nas apresentações ficou marcada a importância da luta dos movimentos sociais para a conquista da prevenção, diagnóstico e tratamentos adequados das ISTs pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre as conquistas citadas, destaca-se: o acesso universal aos antirretrovirais, ocorrida em 1996; produção de genéricos (anos 2000); e testes rápidos fora das unidades de saúde (anos 2010).
“Frente ao cenário de retrocessos em políticas como a redução de danos e educação sexual, o ativismo para ampliação de direitos e garantia de tratamento devem ser não apenas dos movimentos sociais, mas dos próprios profissionais de saúde. A liberdade religiosa deve existir, mas não pode orientar políticas que limitam direitos”, afirmou Denise Pires em sua exposição.
Sífilis
Desde 2016, com o aumento de casos, a Sífilis é tratada como epidemia no Brasil. É especialmente preocupante o caso da Sífilis Congênita, quando a mãe transmite para o filho na gestação. Por isso, é fundamental a identificação da doença no primeiro semestre de gestação, para o melhor tratamento no pré-natal. O tratamento é realizado com o uso da penicilina.
“Este aumento se deu pela maior notificação dos casos e pela realização dos testes rápidos, mas também há uma redução do uso de preservativos”, afirmou Fábia Lisboa. Segundo o Ministério da Saúde, seis em cada 10 adolescentes não usaram preservativo em alguma relação sexual no último ano.
Para melhorar a comunicação com esse e demais públicos e incentivar o uso e a distribuição dos preservativos, o Ministério da Saúde estabeleceu o Projeto de Resposta Rápida à Sífilis em 2017, estipulando o Dia D de combate (3º sábado de outubro); articulação entre ministérios e secretarias estaduais e municipais; e comitês de investigação de transmissão, com rede de apoiadores regionalizados.
Prevenção Combinada
Coordenada pelo representante do Grupo Diversidade Niterói (GDN), Vinícius Coelho, a mesa “Saberes e Práticas no Contexto da Prevenção Combinada: o que, por que e para quem?”, debateu a prevenção combinada, uma estratégia que faz uso simultâneo de diferentes abordagens de prevenção – biomédica, comportamental e estrutural - no tratamento das ISTs. Para a coordenadora da enfermaria de Aids do Hospital Municipal Carlos Tortelly (HMCT), Tânia Brum, a criança que vive com HIV merece atenção especial do Poder Público, que não pode permitir que ela seja negligenciada.
A coordenadora de ISTs/Aids da FMS, Márcia Santana encerrou o evento relembrando os 30 anos de criação do 1º de Dezembro, o Dia Mundial de Luta contra Aids, e os desafios que ainda estão por vir, apesar de todas as conquistas na área do acolhimento, diagnóstico e tratamento.
“São mais de três décadas de luta contra a Aids. Muito já foi conquistado. Rompemos estigmas, enfrentamos preconceitos, mas ainda há muitas coisas a conquistar e a superar, com muito afeto, carinho e respeito”, concluiu Márcia Santana.