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postheadericon Artes e Esporte encerram a Semana da Luta Antimanicomial

Baile da Semana Antimanicomial 2019 (4)

 

Para desmistificar, incluir e atender com dignidade uma parcela importante da sociedade que apresenta transtornos mentais, a coordenação do Programa de Saúde Mental de Niterói, realizou a Semana da Luta Antimanicomial, encerrada nesta sexta-feira (17) com um baile na sede da Associação Fluminense dos Trabalhadores de Águas e Esgotos (AFTAE), no Centro.


De acordo com a psicóloga Wal Thomaz, coordenadora do Centro de Convivências e Cultura de Niterói (CCCN), setor que promove os mais variados roteiros culturais para os usuários do programa, o maior desafio é dar visibilidade a uma parcela da população que a sociedade insiste em tornar invisível.


Na programação, que contou com rodas de conversas, exposição de filmes, grupos de trabalho, entre outras atividades, destacou-se a exposição fotográfica “Dá pra conviver!”, que ficará em cartaz de 14 a 31 de maio, das 14h às 17h, no hall do segundo andar da Biblioteca Parque de Niterói. Com foco nas situações cotidianas, em que pessoas com transtornos mentais participam efetivamente do dia a dia, a exposição pretende despertar solidariedade e empatia no público, com a expectativa de que a convivência com os pacientes da Saúde Mental possa ser estimulada.


Música, futebol e dança


A programação de encerramento não se resumiu a um baile apenas, mas teve também futebol de salão, karaokê, poesia e show de música com o grupo Intervalo Musical, formado pela cantora Lucineide da Silva Almirante, o saxofonista Jackson Machado Santos e os violonistas, Felipe Paes e a musicoterapeuta, Cris Acioli.


Nos intervalos, o DJ Jef Rodriguez assumiu as carrapetas e embalou com clássicos nacionais e internacionais, além de muito funk, samba e pagode, os cerca de 50 presentes, que deixaram a tranquilidade do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba (HPJ), dos Centro de Apoio Psicossocial (CAPS), dos ambulatórios e das residências terapêuticas (RTs), da FMS, para se misturarem aos ditos “normais” e viverem um dia de loucura real.


HPJ -  Enquanto acontecia um baile na Associação Fluminense dos Trabalhadores de Águas e Esgotos (AFTAE), o Hospital Psiquiátrico de Jurujuba (HPJ) realizava outro evento pelo encerramento da Semana da Luta Antimanicomial na última sexta-feira (17/05), em ano que se comemora os 30 anos desta luta.


“O caráter do HPJ é transitório, quem dá entrada aqui tem a assistência necessária para conseguir as alternativas de saída. É ocupar para sair. Aqui estamos na resistência contra as políticas manicomiais", afirmou o diretor da unidade Raldo Bonifácio.


Raldo apresentou a mesa de debates que contou com a presença de Neli de Almeida, professora de psicologia do Instituto Federal de Educação (IFRJ) de Realengo; Cláudia Simone, fundadora do grupo de teatro Pirei na Cenna; o professor do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pedro Gabriel; e o paciente que trabalha na cantina da unidade, Sergio Lima, provando que o tratamento humanizado na Saúde Mental segue horizontalidade entre profissionais e usuários.


Ao fazer um apanhado histórico da luta antimanicomial, os participantes criticaram a mudança na última semana do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, aprovada no Senado Federal, que vai confinar compulsoriamente os dependentes de drogas. “É um retrocesso que vai contra toda a força que adquirimos nesses 30 anos de acolhimento e garantia da diversidade”, afirmou Pedro Gabriel.


Completando, Neli de Almeida afirmou: “a importância da luta antimanicomial se vê refletida na criação de mais de 1.600 Centro de Atendimento Psicossocial (CAPs) pelo país, de Centros de Convivências e residências terapêuticas, tudo no cuidado mais digno e humanizado”.


Após as palestras, o grupo Pirei na Cenna realizou a encenação “Loucura em Choque” em que criticam o encarceramento forçado do tratamento psicossocial. O grupo surgido em 1997 faz parte do Teatro do Oprimido, importante método teatral criado por Augusto Boal e, com patrocínio da Petrobras, se reúne no HPJ todas as segundas-feiras, das 13h às 16h. “Fazemos teatro com os usuários que discute problemas sociais e busca alternativas ao tratamento tradicional”, afirmou sua fundadora Cláudia Simone, que foi homenageada no evento.


No corredor que leva ao acesso ao auditório da unidade - reformado recentemente - pinturas do usuário Rafael Matos, de 33 anos, decoravam a passagem em mais de 20 quadros. Reforçando a ideia da importância dos tratamentos alternativos à medicação no cuidado da Saúde Mental, Rafael filosofou: “a arte é uma forma de expandir a imaginação, como artistas somos coautores das manifestações da vida”.


Ainda na manhã, foi oferecido uma oficina de turbante, que animou os pacientes. As militantes Ruth Baobá (União Brasileira de Mulheres) e Vânia Bretas (Fórum de Mulheres Negras de Niterói) comandaram a ação.


E no dia seguinte, sábado (18/05), a rede de saúde mental de Niterói se juntou a do Rio, em grande evento no Circo Voador da Lapa pela Luta Antimanicomial com oficinas, roda de conversa e shows. A atividade foi gratuita e aberta a todo público.

 

 

 

 


 

 

 

 


 
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