FMS atualiza profissionais de saúde sobre arboviroses
Os profissionais da Saúde do município, como médicos, enfermeiros e agentes de endemias, estão passando por mais uma atualização sobre as arboviroses – as doenças transmitidas por mosquitos. Cerca de 300 pessoas participaram do primeiro dia do Seminário de Atualização em Arboviroses e Zoonoses de Niterói, realizado pelo setor de Informação, Educação e Comunicação em Saúde, do Centro de Controle de Zoonoses. O evento está sendo realizado no Teatro Popular Oscar Niemeyer, no Centro. A programação de encerramento acontece nesta quinta-feira (30), com os temas: controle de roedores, esporotricose e leishmaniose.
O chefe do Departamento de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses, Francisco de Faria Neto, destaca que, além de profissionais da área, também participaram do evento, que é aberto ao público, veterinários, biólogos e estudantes universitários e do Ensino Médio.
Pela manhã, ao falar sobre arboviroses dengue, zika, chikungunya e febre amarela, e analisar os riscos dessas enfermidades, bem como sua transmissão e sintomas, a Coordenadora de Vigilância em Saúde de Niterói, epidemiologista Ana Eppinghaus, se disse esperançosa nas novas estratégias de combate a esses males.
“É muito importante a participação estratégica dos agentes de endemias, que estão trabalhando em conjunto com outros setores, e também o investimento em pesquisas e na renovação e ampliação das parcerias”, disse a especialista.
Este ano, Niterói reduziu 95% os casos das arboviroses, em relação ao mesmo período do ano passado. Isso se deve ao trabalho de agentes do Departamento de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses (Devic) vistoriam diariamente imóveis em todas as regiões do município, combatendo possíveis focos do mosquito e orientando a população. Profissionais do Programa Médico de Família também atuam em parceria com o Devic na prevenção e combate aos focos do mosquito, nas suas áreas de cobertura. Niterói também possui Comitês Regionais de Combate à Dengue, organizados pelas Policlínicas Regionais, com ações elaboradas de acordo com as características de cada comunidade.
Além do trabalho do CCZ, o engenheiro agrônomo e pesquisador do Centro de Pesquisas René Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz, Luciano Andrade Moreira, falou sobre o Programa World Mosquito Brasil, em Niterói, com a introdução da bactéria Wolbachia em mosquito Aedes aegypti, que foram soltos em Jurujuba, vem colaborando na diminuição da infestação do vetor.
“A presença da bactéria Wolbachia em Aedes aegypti tem a capacidade de reduzir a transmissão do vírus da febre amarela nesta espécie de mosquito”, relembrou o pesquisador, ressaltando que, o programa está presente atualmente em 12 países, e que a Fiocruz chega a produzir por semana cerca de quatro milhões de mosquitos infectados.
A situação da raiva em Niterói foi tema da palestra do professor de veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF), Flávio Fernando Batista Moutinho. Segundo o especialista, desde 1985 o Estado do Rio não registra um caso de raiva humana.
As cobras peçonhentas foi tema do biólogo do Instituto Vital Brazil (IVB), Cláudio Machado. E logo depois, os escorpiões estiveram na pauta do pesquisador do IVB, Cláudio Maurício.
Segundo dia
Na primeira exposição do segundo dia, que ocorreu na quinta-feira (30), o chefe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Fabio Villas Boas, apresentou um histórico sobre as políticas de vigilância em Zoonoses, as mudanças na legislação protocoladas até hoje e detalhou as principais doenças transmitidas pelos animais ao homem: arboviroses, raiva, leptospirose, leishmaniose e esporotricose.
Relatando a trajetória histórica das políticas de saúde na área, Fabio ressaltou o surgimento da nova nomenclatura de Unidade de Vigilância em Zoonoses: “o termo Controle ficou muito estigmatizado no combate à raiva animal quando surgiu essa política. Hoje, após maior controle da doença e redução dos casos, depois das campanhas de vacinação, o conceito foi ampliado”. Além das campanhas de vacinação contra raiva, que costumam ocorrer em setembro, Fábio lembra que o Horto do Barreto e o Campo de São Bento realizam a imunização rotineiramente o ano todo.
Outro trabalho rotineiro da Zoonoses é na visita às casas e nas ruas no combate aos roedores. Para tratar do tema, o agente Devylson Campos explicou o duplo trabalho dos agentes de saúde: “promovemos a educação aos cidadãos, alertando sobre o risco de deixar ração de animais domésticos à disposição e o despejo de restos de alimentos no quintal, como também aplicamos raticida quando necessário".
Devylson alertou também sobre os perigos da leptospirose, doença bacteriana que pode levar ao óbito se não tratada através de exames e uso de antibióticos. “Trabalhamos de forma contínua para evitar a proliferação de ratos e impedir que eles formem seu ciclo completo”, explicou ao tratar do comportamento e hábitos do animal.
A Leishmaniose Visceral (LV), doença causada por um protozoário da espécie Leishmania chagasi, é uma zoonose de evolução crônica, com acometimento sistêmico e, se não tratada, pode levar a óbito até 90% dos casos. É transmitida ao homem pela picada de fêmeas do inseto vetor infectado, denominado Flebótomo e conhecido popularmente como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros. No Brasil, a principal espécie responsável pela transmissão é a Lutzomyia longipalpis.
A pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Andrea Sobral, apresentou um relatório pormenorizado sobre a situação da leishmaniose visceral canina e humana no Brasil e no Mundo. Segundo ela, Índia, Bangladesh, Sudão, Sudão do Sul, Brasil e Etiópia são os países que mais apresentam casos da doença.