Pioneiro no Brasil, Samu chega aos 15 anos em Niterói
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, que todo o mundo conhece como SAMU, foi formatado em Niterói em 2004 e passou a atender inicialmente, além de Niterói, os municípios de São Gonçalo, Tanguá, Rio Bonito, Silva Jardim, Itaboraí e Maricá. Juntos, esses municípios formam a regional da Metropolitana II, ou Metro II, como é conhecida no serviço público de saúde. Hoje, 15 anos depois, o SAMU está presente em praticamente todos os municípios do país, sempre atendendo aos chamados de urgência pelo número 192. Sua boa aceitação e as inúmeras vidas salvas são motivos de sobra para comemorações. O SAMU de Niterói atendeu nos últimos doze meses 7.350 chamados.
"Em 2004, o serviço foi instalado de maneira pioneira na cidade com a perspectiva que o atendimento regional poderia agregar municípios que não teriam acesso ao atendimento móvel", afirma a secretária municipal de Saúde de Niterói, Maria Célia Vasconcellos.
Atualmente o SAMU da região Metro II recebe de 300 a 500 telefonemas por dia. Cerca de 75% a 80% das ocorrências são resolvidas por telefone mesmo, através do serviço de telemedicina, ou direto no local da chamada - fato que desafoga a demanda dos hospitais de urgência e emergência. Mas ainda há um ponto negativo: entre 20% e 30% das ligações são trotes - um problema que persiste em todo o país.
O coordenador da central Metro II, Olavo Cabral, ressalta o treinamento contínuo dos profissionais do SAMU e destaca a importância dos cursos de capacitação oferecidos a cada membro das equipes. "O SAMU 192 cada vez mais se qualifica tanto no trato das urgências de acidentes e traumas como nas demandas clínicas, um trabalho incansável de 24 horas diárias", diz.
Responsável pelos cursos de capacitação desde que o serviço foi implantado, Olguimar Dias, coordenadora da Educação Permanente, ressalta que são realizados de 3 a 4 cursos mensais para toda a regional. Segundo ela, há ainda o estímulo ao trabalho de profissionais multiplicadores nas bases descentralizadas em cada um dos sete municípios que realizam atividades de capacitação para os profissionais.
"Não dá para relaxar, os samuzeiros prestam assistência de qualidade, por isso, precisam ser capacitados constantemente e ter um conhecimento amplo de vários assuntos. Por isso realizamos cursos de psicologia, traumas, agudos clínicos, pediatria e parto, entre outros. Todos com metodologia que varia de acordo com cada professor convidado", afirmou.
Na base de Niterói, a frota é composta por seis ambulâncias e duas motolâncias para operação. O SAMU atendeu nos últimos doze meses 7.350 chamados por meio do número 192. Desse total, 70% foram atendimentos clínicos. "O serviço mobiliza 110 profissionais, entre médicos, enfermeiros, condutores socorristas e técnicos de enfermagem", explica a coordenadora da base, Maria Auxiliadora Coutinho.
Há 11 anos no SAMU, o socorrista Wanderson Almeida, 35 anos, relata o amor pela profissão e fala com emoção da sua trajetória no serviço.
"Sempre fui proativo, gostava de trabalhar com trauma na sala vermelha e, sempre que via as ambulâncias chegando, desejava estar numa delas. Já se vão mais de 10 anos e, a cada dia, a gente aprende uma coisa diferente. Uma ocorrência que me marcou muito foi um parto que fizemos dentro de um supermercado e a criança recebeu meu nome. É muito gratificante e satisfatório fazer o bem a uma pessoa que precisa", destacou Wanderson.
O trabalho do SAMU não se limita ao atendimento domiciliar ou aos grandes eventos de rua, como o Réveillon na Praia de Icaraí e o carnaval. Os profissionais do SAMU também são convocados para ministrar palestras educativas em escolas, associações e clubes de serviço.
A técnica de enfermagem Cristiane Francisca de Jesus, 31 anos, contou que começou no serviço móvel por acaso.
"Comecei minha história no SAMU há três anos. Eu estava fazendo cursos para terminar a faculdade, pois precisava de carga horária, e foi aí que eu iniciei e fiquei apaixonada por ser socorrista. O SAMU é minha paixão, visto esse uniforme com muito orgulho", falou a socorrista.