postheadericon Início da parceria com a ONG Doutores da Alegria no Getulinho

 

Foi através do bom humor e toda sua descontração que Wellington Nogueira, ator e fundador da organização Doutores da Alegria, apresentou a ONG para profissionais de saúde, gestores e membros da direção do Hospital Getúlio Vargas Filho, na manhã da última quinta-feira (23) marcando o início do projeto na unidade que será feito através de edital e captação de recursos através da Lei Rouanet.


Criado por ele há 32 anos em São Paulo, tendo expandido para a cidade do Rio de Janeiro e Recife-PE, a iniciativa que já estava presente em Niterói no Hospital Estadual Azevedo Lima através de uma parceria com Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, agora chega a rede municipal onde irá tornar um pouco menos difícil cotidiano das crianças que diariamente são atendidas no Getulinho.


Dos palcos para os hospitais - Como a história do Doutores da Alegria se confunde com a sua própria, Wellington contou um pouco de como depois de ir para os Estados Unidos em busca do sonho de se formar em teatro musical onde teve o primeiro contato com a palhaçaria, ele acabou por indicação de uma amiga, se apresentando como palhaço para crianças em um hospital onde acabou se desenvolvendo e aperfeiçoando o que ele chama de besteirologia.


“Uma coisa que a gente aprende como palhaço é olhar a situação por diferentes pontos de vista. No hospital, normalmente todos vão quando estão doentes e precisam ser curados. Então o besteirologista vai em busca do que está bom e precisa ser estimulado para que se tenha o equilíbrio”, explica Wellington que após oito anos no exterior voltou ao Brasil para cuidar do pai que estava internado e aproveitou a ocasião para colocar em prática o que havia aprendido.


Wellington demonstrou na prática através de brincadeiras lúdicas como é o trabalho de interação com os pequenos pacientes, mantendo sempre o respeito. Ele explicou que se a criança chora, o palhaço vai embora e volta outro dia. Seu lema é de que todas elas tem o seu tempo. “Teve uma criança que depois de seis meses me permitiu entrar no seu quarto para brincar com ela e foi no dia que eu não perguntei se poderia entrar”, revelou.


Se dirigindo aos profissionais de saúde e traçando um comparativo com as especializações feitas por eles, Wellington, afirmou que o palhaço é o doutorado de um artista cênico, é quando brinca com os estereótipos.


O trabalho começará no próximo dia 11 de abril quando o trio de besteirologistas terá o primeiro contato com o hospital, de cara limpa para conhecer a rotina do atendimento, que começa dois dias depois no dia 13 e será sempre às terças e quintas, passando por diversos setores da pediatria, inclusive em momentos importantes. “Quando a gente é chamado para a criança não chorar no momento da injeção, procuramos não associar o palhaço com o momento de dor. Então ele não vai estar lá no momento da picada, mas ao acabar o procedimento e com a autorização de vocês (profissionais de saúde), ele está entrando para fazer a operação 'rescaldo'. A gente evita associar o momento de dor e sofrimento com a figura do palhaço”, explicou.


Atendimento humanizado - Atendendo até na UTI, de acordo com a situação de cada paciente e com aval dos profissionais responsáveis, só tem um lugar que eles evitam ir. “A emergência não é um lugar pra gente, foco no que tá chegando agora para tratar e encaminhar. A gente quer ser justamente aquele respiro. Toda criança hospitalizada tem uma coisa em comum, elas querem brincar e enquanto está fazendo isso, ela entra em contato com o seu lado mais saudável. Ai vocês é que vão dizer para a gente se isso tá ajudando ou atrapalhando” afirmou Wellington que completou. “Nós não somos médicos, enfermeiros e nem terapeutas, não temos nenhuma aspiração para ser. Somos artistas, palhaços, só isso e já é bastante coisa. É nesse sentido que a gente quer ter essa parceria com vocês”.


A diretora do Getulinho, Elaine López acredita que é uma iniciativa importante ter os Doutores da Alegria no hospital pois ela acredita que a relação da cultura com a saúde, ambos direitos fundamentais, é essencial e de fato funciona. “Estamos trabalhando com a ansiedade, com a dor e com a insegurança das pessoas que nos procuram, na pediatria mais ainda. Eu acho que esse trabalho deles traz um olhar carinhoso, afetivo de alguém muito competente para esses desafios do dia a dia. A gente tem muita expectativa em relação aos Doutores da Alegria, porque eu acho que ele vai nos provocar naquilo que a gente vai fazendo e o dia a dia acaba muitas vezes deixando para segundo plano, esse projeto vem para botar na pauta principal do hospital um outro olhar e a possibilidade da gente se transformar”, contou.