postheadericon UFF realiza evento sobre trabalho multiprofissional

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Na segunda-feira (11), a Saúde Mental de Niterói se reuniu na Universidade Federal Fluminense (UFF) para o seminário Práticas de Cuidados Multiprofissionais na Saúde Mental: Formação e Trabalho em Rede.

 

A Saúde Mental tem a particularidade do trabalho multidisciplinar, envolvendo profissionais da psicologia, enfermagem e assistência social – para além do cuidado médico. O evento serviu para a troca de informação entre as experiências dos servidores do campo e a análise dos pesquisadores da academia.

 

Em Niterói, a linha de cuidado da Saúde Mental é através do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba (HPJ), os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), os ambulatórios, as Residências Terapêuticas (RTs) e o Centro de Convivências Oficinas Integradas.

 

Com as reformas sanitária e psiquiátrica, houve a preocupação com a redução de leitos de manicômios, incentivando a reinserção do paciente na cidade, em processo conhecido como Desinstitucionalização.

 

Para tratar desse tema, Maria Helena Santana, Fernanda Mota e Diego Matta expuseram no seminário seu trabalho com a paciente Marlene, que passou 13 anos internada, por conta de comportamento psicótico. “É preciso reincluir o paciente na cidade com atenção e respeito de sua condição”, comenta Karina Moraes, da Divisão de Ensino e Pesquisa do HPJ.

 

Nessa linha, a professora do Serviço Social Tathiana Gomes traz a questão do corte de classe – de entender o perfil socioeconômico dos pacientes. “Esse debate foi secundarizado aqui no Brasil, ao contrário da Reforma Psiquiátrica italiana de Franco Basaglia”, afirmou, relatando preocupação com as tentativas de redução  do financiamento da saúde mental pelo atual governo federal.

 

A mesa seguinte tratou da formação do estagiário de serviço social na Saúde Mental: Annelyse Ferreira e Marina Cruz apresentaram seus trabalhos no albergue do HPJ e a importância da criação de vínculos afetivos com os pacientes para o resgate da cidadania dos mesmos; enquanto o coordenador de estágio do curso de serviço social da UFF, Robson Roberto, dispôs sobre os níveis de estágio no desenvolvimento das capacidades metodológicas e técnicas dos alunos - muitos, futuros profissionais da rede municipal de saúde.

 

Dentro dessa perspectiva de trabalho em rede, a última mesa versou sobre o caso de internação de um rapaz de 19 anos por conta de sua esquizofrenia. Com o título de "Caixa de ferramentas" - conceito de Emerson Merhy sobre a produção de cuidado na Saúde Mental - a assistente social Alda Maria e a enfermeira Desirée Simões utilizaram o caso para reforçar a importância da escuta e do cuidado, utilizando recursos como visita domiciliar.

 

"Na lógica da luta antimanicomial, a porta de saída do paciente deve ser sempre pensada assim que ele dá entrada em um dos nossos dispositivos", encerrou Renata Alves, professora de psicologia da UFF.