Dando continuidade nos trabalhos da SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho, do Hospital Getúlio Vargas Filho (Getulinho), que duraram toda a semana passada, de segunda (5) até sexta (9), cerca de 180 profissionais da unidade pediátrica de Niterói, que é referência no estado do RJ, se mobilizaram para diversas atividades que envolveram rodas de conversa, palestras, dinâmicas e treinamentos. A Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho, como é chamada, é organizada pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e tratou de temas essenciais para a segurança e o bem-estar no ambiente de trabalho.

No primeiro dia da extensa programação (5), a consultora jurídica e advogada Cíntia Possas esclareceu as ações mais importantes que devem ser adotadas em unidades de saúde. “Um ambiente saudável de trabalho perpassa tanto pela saúde física, quanto mental. O assédio moral é o tema mais abordado neste tipo de palestra. Ele não acontece só do superior para com seus colaboradores, pode ocorrer o inverso, de colaboradores para com um novo chefe, ou até entre profissionais na mesma posição numa empresa. É importante saber identificar, porque pode trazer prejuízo à saúde psíquica e física do indivíduo”, afirmou, parabenizando a iniciativa do Getulinho e recomendando mais capacitações e treinamentos de incentivo à empatia e harmonia no ambiente de trabalho.

Na terça-feira (6), a equipe de psicologia do hospital organizou uma roda de conversa em que os profissionais puderam expressar seus sentimentos sobre a rotina de trabalho na perspectiva de entender mais sobre o burnout. Declarações emocionantes, relatos de acontecimentos marcantes e alguns choros mais declarados combinados com outros mais discretos revelaram a preocupação da CIPA também com as questões psicossociais dos trabalhadores. 

Durante a dinâmica, cada profissional recebeu uma frase, teve um tempo para refletir sobre ela para depois expressar sobre seu impacto e debater com os demais. Frases como “Aprendi que descansar não é fraqueza, é parte da produtividade” e “pedir ajuda não é sinal de fracasso” serviram para uma grande análise em conjunto de muita emoção.

“A maioria das pessoas foi muito sincera e aberta, causando a reflexão importante que queríamos com a atividade mas que foi muito além da expectativa. Os profissionais realmente aproveitaram o formato de roda de conversa para fazer um encontro muito positivo”, afirmou a psicóloga Susie Barcellos, que comandou a dinâmica junto com suas colegas Camila Rossetto e Carolina Damásio.

Em seguida, também sabendo que a saúde mental e o bem-estar são alinhados para a maior proteção ao trabalhador, para além da medicação tradicional, a farmacêutica e assessora da direção, Claudia Soares, trouxe os benefícios da aromaterapia: o estímulo do olfato de essências para o cuidado de variadas demandas do corpo: “é sempre prazeroso divulgar esse trabalho. As pessoas têm muitas dúvidas sobre o tema e eu procuro sempre ajudar e incentivar essas práticas. Já temos muitos artigos científicos e estudos sobre o tema comprovando a importância dos óleos para a saúde”.

À tarde, foi a vez da diretora do hospital, Julienne Martins, trazer um assunto de extrema importância para a segurança de toda a comunidade hospitalar: a manutenção da caderneta de vacinação dos profissionais em dia. 

Julienne trouxe informações de cada doença que é evitável por vacina presente dentro do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS), como o sarampo (presente na vacina de tríplice viral e que infelizmente deixou recentemente de ser erradicada no Brasil frente ao aumento dos discursos antivacinas), hepatite B e influenza (esta última que segue na campanha anual nas unidades de saúde).

Respondendo dúvidas, Julienne esclareceu as durações de imunizações que variam conforme o tipo de vacina (de vírus vivos atenuados; inativadas; com subunidades; conjugadas ou toxoides; e de RNA ou vetor viral, como é o caso das atuais vacinas contra a Covid-19) e o cronograma das doses. 

“Nosso trabalho [enquanto profissionais de saúde] tem que ser de desviar desses agentes que podem fazer mal para a gente ou que a gente possa levar para casa e atingir nossos entes queridos, como filhos, idosos ou quem tem uma doença de base que pode ter uma imunidade mais baixa”, explicou Julienne.

No tema dos acidentes de trabalho, a programação seguiu na quarta (7), com o engenheiro civil do hospital Renan Mendes, os enfermeiros Rogerio Pedreira e Sonia Freitas e a analista de Recursos Humanos, Joice Vasconcellos. Renan iniciou apresentando fotos simuladas de situações que poderiam acarretar em risco de acidentes, como o descuido com certas vestimentas e objetos inadequados no cenário de trabalho.

Em seguida, Rogério apresentou o procedimento preconizado para os acidentes com material biológico e a sequência perfeita para a prevenção dos acidentes, na seguinte ordem: investir em treinamento; garantir ferramentas e EPIs; criar políticas de segurança; monitorar os colaboradores; informar sobre os perigos; e focar nas situações de riscos.

Por fim, Sonia Freitas, como forma de dinâmica, trouxe bordões populares como “não chorar pelo leite derramado” ou “chutar o balde” para narrar as preocupações em garantir o ambiente de trabalho mais seguro possível.

Posteriormente, com o foco em situações de incêndio, Allan Cunta, técnico de segurança do trabalho, conduziu um treinamento por dentro das dependências do hospital – nos setores da Administração, Ambulatório, UC1, UC2, Emergência, Centro Cirúrgico e CTI – indicando as rotas de fuga e como seguir as sinalizações até os pontos de encontro de forma adequada. Calma, atenção, evitar atropelos, empurrões e gritos são maneiras essenciais para evitar grandes danos.

Nos casos de incêndio, Allan recomenda andar em grupos, evitar o retorno para busca de objetos e não ligar ou apagar luzes ao sentir cheiro de gás, lembrando da importância do telefonema para o 193 nestes casos. “Todos os colaboradores, independente do cargo que ocupam na instituição, deverão seguir rigorosamente as instruções do grupo de instrutores”, alertou.

Nos últimos dois dias da semana (8 e 9), o mesmo Allan Cunta e a Cléa Beneticto, também técnica de segurança do trabalho, ministraram encontros online com os profissionais das unidades geridas pela OS IGEDES, como o Getulinho, reforçando o tema dos acidentes de trabalho. Eles trouxeram a importância do uso de Equipamentos de Proteção Individual e Coletivo (EPIs e EPCs); as normas regulamentares, como a da PCMSO e o NR32 que separa o acidente de trabalho em típico, de trajeto e ocupacional. 

Na apresentação, foi reforçado que o profissional acidentado deve encaminhar ao CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho em até um dia do acidente, em um fluxo que segue para o RH. E, como forma de interação entre os participantes, os bordões populares que tinham sido apresentados presencialmente pela enfermeira Sônia também foram utilizados, além de ter sido aberto espaço para os profissionais exporem suas dúvidas.

Comemorando a realização do evento, o presidente da CIPA e diretor administrativo do Getulinho, Anselmo Carvalho, comentou o encerramento dessa programação intensa sabendo que vai reverberar em melhores práticas por todo hospital: “Seguimos firmes no compromisso de promover um ambiente mais seguro, saudável e humano para todos!”

Foto: Rudá Lemos